quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Decifrando a mente #7 - a tela mental

 



Uma função muito interessante que temos é a nossa "tela mental". Ela é um sistema de retroalimentação, quase um setor de audiovisual disponível na mente e usada por todos os atores que estamos descrevendo.

A tela mental é bastante complexa. Ela pode até criar cenários incríveis, em 3D e coloridos, como em nossos sonhos lúcidos, que podem ser tão reais que não conseguimos distinguir se estamos sonhando ou se estamos acordados. Ela é usada pelo macaco louco, pelos gerentes e até pelos estagiários do piloto automático. Também é usada pela nossa consciência e está sendo usada agora, nesse momento, enquanto você lê esse texto, pois se eu sugerir: "imagine um gramado bem verde com árvores e o mar ao fundo", você provavelmente deve ter criado e projetado essa cena em sua tela mental.

Nossa mente se retroalimenta daquilo que é projetado na tela mental através das percepções, como já vimos antes. Nós interagimos com essa projeção. Somos capazes de andar dentro dos nossos sonhos e de conversar com pessoas que só existem em nossa mente. As alucinações são distúrbios perceptivos nos quais não conseguimos distinguir se o que estamos vendo é real ou não.

As viagens astrais, sonhos lúcidos ou projeções da consciência, ocorrem integralmente dentro de nossa mente, sendo tão reais e perfeitas que acreditamos firmemente terem sido reais. Nesse ponto precisamos abrir parênteses: Nossa mente é capaz de perceber questões muito sutis, muito além da nossa percepção normal. Somos capazes de acessar informações, memórias e fatos que estão em um nível mais sutil e mais amplo, mas nossa mente tem dificuldade em entender o que está vendo e interpretar de forma correta. Dessa forma, ela cria uma projeção que procura traduzir a informação acessada dentro de alguma alegoria que conseguimos entender, que faça sentido dentro dos nossos referenciais. Então, sonhamos que estamos em uma montanha flutuando, conversando com um sábio em forma de unicórnio que nos diz uma determinada frase que parece conter toda a sabedoria do universo e, conforme vamos acordando, percebemos que nada disso faz realmente muito sentido. A questão é que talvez tenhamos mesmo acessado uma informação sutil muito importante, mas nossa mente criou todo um cenário com elementos que tentam, de alguma forma, materializar aquilo que foi percebido. Isso tudo é jogado como um filme em nossa tela mental e, depois, tentamos lembrar dos detalhes do que foi sonhado, sendo que a maior parte da informação original é perdida, pois parece simplesmente não ter nenhuma lógica.

Podemos também ter sonhos premonitórios: Nossa mente acessa uma área sutil de probabilidades e percebe que algo pode realmente acontecer. Então ela precisa de um agente que traga essa informação, alguém em quem confiamos e que consideramos ser protetores: um pai, uma mãe, um irmão mais velho, um mestre, um guru ou santo. A mente cria todo um cenário, com esse ator, interpretando um personagem nos avisando sobre o que está para acontecer. Esse sonho nos parece tão real que acreditamos realmente que essa pessoa veio até nós, que estamos mesmo falando com espíritos. Mas é tudo criação da mente, mesmo que em cima de algo sutil que realmente venha a acontecer. Aquilo que entendemos como "mediunidade" é justamente isso: acessamos de verdade uma área sutil e nossa mente cria atores e cenários que encenam essa informação. 

Ao estudarmos a mente com profundidade, vamos aprendendo a lidar com a tela mental, distinguindo melhor o que é ou não real, o que é ou não pura criação ou interpretação da mente. Vamos nos familiarizando com essa projeção e aprendendo com ela e, em um estágio bem superior, vamos entender que mesmo as projeções que são reais, na verdade, também são criações da nossa mente em cima daquilo que nossos sentidos captam. Por exemplo, quando vemos uma casa, nossa mente projeta essa mesma casa em nossa percepção, usando a tela mental. Mas não estamos realmente vendo AQUELA casa, e sim, uma projeção mental criada em cima daquela casa que nossos olhos estão enxergando. É uma casa, mas não é bem AQUELA casa. É outra coisa, é uma criação mental. Por fim, transcendemos a tela mental e entendemos que, enfim, aquela casa não é uma casa, mas é uma casa, e tudo bem. E nos divertimos com isso. O tempo todo, para tudo o que olharmos, acordados, alucinados ou dormindo.


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