quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Só sei que nada sei

Para quem algum dia ler estas páginas,

Quero deixar claro que aqui registro alguns momentos de insight, algumas impressões e opiniões próprias. Como ainda não atingi a iluminação, todos esses registros são apenas folhas ao vento. Não possuem qualquer importância.

Se essas palavras puderem beneficiar alguém, ótimo, mas não tenho nem de longe a mínima intenção (nem me sinto na permissão) de representar a verdade, porque ainda não a conheço em sua totalidade.

Provavelmente, ao avançar no meu caminho espiritual, chegará o dia em que simplesmente apagarei todas essas palavras vãs. Enquanto isso, espero que alguém faça bons proveitos.

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Pra quê "iluminômetro"?

Uma brincadeira interna entre os budistas é estudar os 10 passos do boi e tentar imaginar em qual passo está.
No primeiro passo temos um monte de dúvidas, ficamos comparando os ensinamentos com outras filosofias, outras idéias, perguntamos muito, etc.
No segundo passo já temos uma vaga noção do que é o caminho. Já temos um samadhi, já conseguimos manter nossa mente alerta em alguns momentos.
No terceiro passo temos uma experiência maior. São os insights. Podemos até ter um kenshô, mas não temos certeza. Só um mestre pode reconhecer um kenshô, aí o aluno estará no quarto passo, e daí por diante.
Tudo isso é interessante, mas não tem importância alguma. Não muda nossa prática. Tanto faz se estivermos no primeiro ou no sétimo passo, da mesma forma temos que praticar muito, ter uma dedicação muito grande, meditar muito, observar atentamente todos os preceitos tomados. Há muito o que aprender, há muito a explorar.
Mesmo quem já atingiu o satori, quem está iluminado, não dará grande importância ao 'iluminômetro'. Lembram daquela historinha?
O discípulo estava varrendo as escadas quando repentinamente vai correndo ao mestre:
- Mestre, mestre, atingi a iluminação!
- É mesmo? Que bom. Agora volte a varrer as escadas.

O 'iluminômetro' apenas cria uma falsa sensação de orgulho. 'Tenho mais virtude que os outros'. 'Estou mais avançado'. Esses pensamentos são venenosos, são perniciosos, já comentei sobre isso em meu post anterior. Não há um outro a quem possamos nos comparar. Não podemos estar melhores do que outro praticante. Pelo contrário, devemos ajudar todas as pessoas que ainda não conseguiram a mesma compreensão da realidade.

Cuidado com o Virtuosismo

Uma armadilha muito grande para quem está praticando um caminho espiritual é o fato de querermos ajudar as pessoas.
Quando ajudamos alguém, sentimo-nos bem. ESSE PODE SER UM PERIGO. Como na música de Raul Seixas, 'o meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar'.
O fato de nos sentirmos VIRTUOSOS, ao ajudar quem quer que seja, levanta um camuflado sentimento de orgulho. Somos bons. Somos melhores do que os outros. Há um sentimento de superioridade. Precisamos ter muita atenção a esses sentimentos, pois eles se escondem, se camuflam, e são um veneno para a prática.
A correta virtude deveria ser como atirar uma pedra em um lago, e esta pedra não produzir nenhuma onda. Enquanto nos orgulhamos de ter ajudado alguém, há uma separação entre eu-alguém, e isso é dualidade, é ilusão.
Usando um exemplo de Thich Nhat Hahn, quando lavamos a mão esquerda com a direita, a mão direita sente orgulho? Envaidece-se? Não, é um ato absolutamente normal, natural.
Ajudar também deve ser um ato tão normal, tão natural que não deve promover nenhum 'vento' em nossa mente. Nem um vestígio de pensamento. Devemos ajudar porque essa é a nossa mais profunda natureza. Não estamos ajudando a 'um outro', não há 'um outro' a ajudar. Até a palavra 'ajudar' remete a uma dualidade. Devemos ajudar sem sequer pensar que estamos ajudando, sem sequer termos consciência disso. É nossa natureza.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Meditar na Rodoviária

Quem precisa viajar bastante, qualquer que seja o motivo, tem uma oportunidade muito grande de praticar o Dharma. As longas esperas em rodoviárias e aeroportos são perfeitas para sentar, acalmar a mente, observar as pessoas, coisas e movimentos à sua volta e meditar profundamente.

A mente fica pulando, julgando e classificando as coisas do jeito dela. Em um determinado momento, ela se cansa, e vem aquela sensação de paz e a conexão com o aqui-agora. Um pouco depois, uma conexão maior, e então temos o Samadhi.

Mesmo em Samadhi, continuamos julgando e classificando as coisas, porém de forma mais silenciosa. Momento de não desistir, não se deixar levar pela torrente de pensamentos que insiste em aflorar à mente. Manter-se no aqui-agora.

Repentinamente, uma conexão maior e percebemos que não há diferença alguma entre as pessoas, todas estão apreensivas, com angústia, esperando seu momento de embarcar. Como prisioneiras, aguardando a porta se abrir. Sentem saudade de seus entes queridos, ficam remoendo acontecimentos do dia. Possuem esperanças e sonhos. Estão em qualquer lugar, menos ali mesmo. No passado ou no futuro, mas não ali no presente. De vez em quando lembram-se de olhar para o relógio, conferem sua passagem, aguardam ser chamadas e voltam ao sonho.

E você também tem os mesmos sentimentos e angústias. Não é diferente das pessoas ao seu redor. Não é melhor nem pior. Aflora-se um profundo sentimento de compaixão por todos os presentes. Você os entende, sabe o que estão sentindo. Quase pode sentir o coração de cada um batendo, como se fossem o seu mesmo. A planta na floreira quebrada um dia morrerá, será jogada fora, virará adubo e nutrirá outra planta, quem sabe uma alface, e quem sabe você sem saber irá comer esta alface, e ela irá fazer parte de seu corpo. Não há diferença entre você e a planta na floreira, ela um dia fará parte do corpo de um ser humano. Deviam tratá-la com mais respeito e dignidade, trocando a floreira, revolvendo e adubando sua terra.

Todas as pessoas ali presentes deveriam ser tratadas com mais respeito e dignidade. Aliás, deveriam SE tratar melhor. São semelhantes, partes de um mesmo todo. Deveriam se ajudar mais, oferecer o lugar, compartilhar alimento, ceder a vez na fila, ajudar alguém a subir no ônibus. São coisas tão básicas... como as pessoas ficaram tão desligadas umas das outras?

Enfim, estar em uma rodoviária movimentada, cheia de gente, é uma excelente oportunidade de aprendizado, compaixão e prática da verdadeira solidariedade.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sujeito e Objeto


No Sesshin de Inverno realizado no Morro das Pedras, entre 22 e 24 de Julho de 2011, compreendi uma questão básica, simples e fundamental do budismo: estar além do sujeito e objeto.

Fácil de entender, basta ler livros e repetir, mas não é tão fácil de compreender.

Em nossa vida diária, nós somos o sujeito e tudo à nossa volta é objeto. Olhamos para as coisas, elas são objeto. Mesmo na meditação, durante um samadhi, ainda há sujeito e objeto, ainda há ego.

Porém, há um estado um pouco além do samadhi, mais duradouro (cerca de 20 a 30 segundos) e muito iluminado, onde não há percepção de sujeito e objeto. As coisas continuam sendo as coisas, mas não há distinção. Tudo faz parte do todo.

De uma minúscula aranha depende a existência de todo o Universo, e todo o Universo existe nesta minúscula aranha, que não é diferente de mim ou de você, está tudo interligado, tudo tem a mesma importância.

Gasshô.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Zazenkai de Junho/2011


Neste sábado, 18 de junho, será realizado nas dependências da Comunidade Zen Budista de Florianópolis (Praça Getúlio Vargas, 126, em cima do Daissen Restaurante Vegetariano) o ZAZENKAI DE JUNHO.
O Zazenkai é um retiro curto, de um único dia, aberto a todos, inclusive iniciantes. Significa literalmente 'vir junto para meditação' e é uma reunião de praticantes leigos. Será servido almoço vegetariano. A participação no Zazenkai tem uma contribuição mínima no valor de R$ 30,00.
Neste Zazenkai será exibido o filme "Em um Mundo Melhor", com comentários do monge Genshô.
Aqueles que não puderem participar o dia inteiro do Zazenkai, estão convidados a assistir somente o filme, com uma contribuição sugerida de R$ 5,00.

Conta para depósito:
Banco do Brasil
AG 4550-0
CC 5709-6
Instituto Educacional Todatsu

Inscrições: juliana@chalegre.com.br
(48) 9971.1323

Apoio: Daissen Restaurante Vegetariano

Sesshin de Inverno 2011


Será realizado, de 22 a 24 de julho de 2011, na Casa de Retiros Vila Fátima (Morro das Pedras, Florianópolis - SC), o SESSHIN DE INVERNO, com a presença do mestre Saikawa Roshi, do Japão.
As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas pelo telefone (48) 8824-1022, com Rosana.

Revista Triratna #2


Está publicado, no endereço eletrônico http://cbb.bodhimandala.com/triratna/revista_triratnaCBB_0002.pdf o segundo número da REVISTA TRIRATNA, a publicação oficial do Colegiado Budista Brasileiro (CBB).
Sua publicação é somente eletrônica, portanto solicitamos a gentileza de baixar e se possível imprimir e divulgar.
Que todos os seres se beneficiem.

terça-feira, 5 de abril de 2011

No dia 9 de abril a Comunidade Zen Budista de Florianópolis, por meio do Instituto Educacional Todatsu em parceria com a Associação Nipo Catarinense realizará na Praça Getúlio Vargas, em frente ao Templo Daissen Ji, o 1° Hanamatsuri de Florianópolis em que comemoramos os 2635 anos do nascimento de Buda.

A tradução literal de Hanamatsuri é Festa das Flores. É também o nome da festa que no Japão, no dia 8 de abril, relembra-se o nascimento de Siddhārtha Gautama, o Buda, que significa "o iluminado" ou "aquele que acordou".

No Hanamatsuri, a imagem do pequeno Buda está rodeada de flores e sobre sua cabeça verte-se um chá naturalmente doce chamado Amacha, feito a base de hortência. Hanamatsuri festeja o nascimento de Buda, que nos mostrou o caminho da iluminação através da meditação, a qual traz harmonia e permite acordar para a vida.

Além da cerimônia religiosa dirigida às pessoas atingidas pelas catástrofes no Japão, serão realizadas apresentações de artes marciais e folclóricas. Haverá barracas com mostras de aspectos da cultura japonesa e de comercialização de produtos.


Comunidade Zen Budista de Florianópolis - www.daissen.org.br

Associação Nipo Catarinense - www.nipocatarinense.org.br

Nipocultura - www.nipocultura.com.br

domingo, 3 de abril de 2011

PROTESTO DIFERENTE CONTRA O AUMENTO DA GASOLINA

Diariamente recebo várias cópias daquele famoso e-mail que diz que não é mais pra abastecer em postos da Petrobrás e etc como forma de forçar a diminuição do preço da gasolina.

Mesmo assim a gasolina nunca baixará desta forma por motivos simples:
1) O governo JAMAIS vai baixar os impostos da gasolina, pois essa é uma das vacas leiteiras dele. Não importa o partido que estiver no governo.
2) O petróleo está ficando cada vez mais raro, consequentemente, pela lei de oferta e procura do mercado, não há lógica nem esperança alguma que a gasolina um dia vá ter seu preço reduzido mantendo seu consumo atual.
3) Mesmo que em um determinado dia você não abasteça em um posto Petrobrás, no outro dia vai abastecer e eles não se importarão nem um pouco com isso. Você vai precisar abastecer em algum lugar de um jeito ou de outro.
4) E finalmente, para os mais desinformados, a Petrobrás é a principal fornecedora da gasolina que abastece os postos Esso, Ipiranga, Shell, etc, no Brasil, portanto vc pode trocar de posto à vontade, a gasolina será sempre da Petrobrás, ou pelo menos a maior parte dela.

O que realmente funciona para redução do preço da gasolina:
1) ANDE DE BICICLETA. Além de ser ótimo para a saúde, evita a poluição, a destruição da camada de ozônio, é bom para seu bolso, é ecologicamente correto e evita congestionamentos, entre dezenas de outros benefícios.
2) VÁ DE ÔNIBUS. A maioria das cidades brasileiras têm hoje um bom serviço de transporte público. É melhor um único veículo consumindo diesel do que 40 veículos consumindo gasolina, e é muito mais barato para você.
3) CARONA. Combine com seus amigos quem será o motorista da vez.
4) MORE PERTO DE SEU TRABALHO, reduzindo ou eliminando a necessidade de usar veículos para ir trabalhar todos os dias.
5) PREFIRA AUTOMÓVEIS ECONÔMICOS E ECOLÓGICOS, a álcool, flex, ou preferencialmnete híbridos (quando chegarem ao Brasil). Se puder comprar um carro elétrico, melhor ainda.
6) PREFIRA CARROS PEQUENOS para uso diário. Tipo o Smart. São muito mais econômicos e cabem em qualquer canto.
7) VÁ DE MOTO. Têm mais flexibilidade e agilidade no trânsito e fazem 40 quilômetros por litro de gasolina.

Baixando o consumo da gasolina, pela própria lei de oferta e procura, o mercado forçará a redução do preço. Não há outra forma.

O ideal obviamente é conseguirmos alcançar a auto-suficiência energética, sem depender de combustíveis fósseis e poluentes. Já imaginou um dia podermos viver em um mundo que não dependa do petróleo?

O sistema capitalista atual é baseado no tripé "economia - informação - capital".
  • Economia = dinheiro.
  • A Informação depende 100% de computadores hoje em dia, que dependem 100% da eletricidade. Já imaginou um banco moderno voltar a trabalhar com ábacos?
  • O Capital é a soma de infindáveis recursos, sendo que indubitavelmente o mais importante de todos atualmente é o petróleo. O petróleo é o combustível que move a economia.
A falta de qualquer um dos recursos acima (dinheiro, eletricidade, petróleo) causa colapsos tão grandes que chegam a ameaçar a própria vida humana nas grandes cidades. Precisamos nos livrar dessas dependências para termos uma vida mais humana, natural e feliz.

Que todos possam se beneficiar.

domingo, 27 de março de 2011

1º HANAMATSURI DE FLORIANÓPOLIS


No dia 9 de abril a Comunidade Zen Budista de Florianópolis, por meio do Instituto Educacional Todatsu em parceria com a Associação Nipo Catarinense realizará na Praça Getúlio Vargas, em frente ao Templo Daissen Ji, o 1° Hanamatusri de Florianópolis em que comemoramos os 2635 anos do nascimento de Buda.

A tradução literal de Hanamatsuri é Festa das Flores. É também o nome da festa que no Japão, no dia 8 de abril, relembra-se o nascimento de Siddhārtha Gautama, o Buda, que significa "o iluminado" ou "aquele que acordou".

No Hanamatsuri, a imagem do pequeno Buda está rodeada de flores e sobre sua cabeça verte-se um chá naturalmente doce chamado Amacha, feito a base de hortência. Hanamatsuri festeja o nascimento de Buda, que nos mostrou o caminho da iluminação através da meditação, a qual traz harmonia e permite acordar para a vida.

Além da cerimônia religiosa dirigida às pessoas atingidas pelas catástrofes no Japão, serão realizadas apresentações de artes marciais e folclóricas. Haverá barracas com apresentação de aspectos da cultura japonesa e de comercialização de produtos.


Comunidade Zen Budista de Florianópolis - www.daissen.org.br
Associação Nipo Catarinense - www.nipocatarinense.org.br
Nipocultura - www.nipocultura.com.br

Tristeza

Qual é o significado da tristeza e como lidar com ela?

Na tristeza ficamos tristes.
Quando perdemos alguém.
Quando perdemos.
Quando as coisas não são como queríamos que fossem.
Quando as pessoas não são como queríamos que fossem.
Quando o mundo e a realidade não são o que queríamos que fossem.
Quando não somos o que gostaríamos de ser.
Quando não temos o que gostaríamos de ter.

Porém,
se nos lembrarmos
que as coisas são como são
que as pessos são como são
que nós, o mundo e a relidade são o que são
e que podemos apreciar o que temos invés de lamentar o que não temos,
começamos a entrar no mundo da não dualidade.

Se houver sabedoria e compaixão perceberemos que a tristeza, mesmo profunda, é passageira.
Perceberemos que se as coisas, as pessoas, o mundo, a realidade e nós mesmos estamos num processo contínuo de transformação
Então poderemos pensar em nos tornarmos essa transformação que queremos no mundo.
Para que haja menos tristeza, mais alegria, mais compartilhamento e harmonia.

O contentamento com a existência é um dos ensinamentos principais de Buda:

"a pessoa que conhece o contentamento é feliz, mesmo dormindo no chão duro; a pessoa que não conhece o contentamento é infeliz mesmo num palácio celestial."

Então, quando sentimos tristeza, observamos a tristeza.
Como está nossa respiração? Como estão os batimentos cardíacos? Como está a nossa postura? Que pensamentos são esses que me fazem deixar os ombros cair para frente, baixar a cabeça e, quem sabe, chorar?
Como se formam as lágrimas?
E, mesmo em meio a lágrimas, podemos sorrir e perceber que enquanto vivas criaturas temos esta experiência extraordinária e bela de poder ficar triste.
Tristeza que vem.
Tristeza que vai.
E sem se apegar a coisa alguma e sem sentir aversão a coisa alguma descobrimos o verdadeiro sentido da vida.
É assim que trabalhamos a tristeza.
Zazen - sentar-se em zen e observar a si mesma.
Postura correta, alongamento da coluna vertebral, abrir o diafragma e respirar profundamente. Inspiração mais curta, expiração mais longa. Saboreando o ar. Ombros alinhados e retos, postura de Buda.
Ensinamentos de sabedoria nos auxiliam a sair da toca, do casulo de separatividade que falsamente criamos e de nos lembrarmos que sempre há pessoas e situações piores do que a nossa, sempre há pessoas e situações melhores do que a nossa e nunca, nunca, perder a dignidade.
Tristeza boa é da saudade de alguém que logo poderemos rever.
Tristeza ruim é aquela que náo queremos deixar passar. Aquela na qual nos agarramos, pois nos dá uma identidade, nos torna especiais. Especialmente tristes. Comoventes, Vítimas a serem apiedadas e cuidadas. Ah! Quanta carência.
Abandonar a tristeza é abrir as mãos, o coração, a mente para a emoção seguinte.
É lavar o rosto, olhar para a imensidão do céu, da Terra, do mar e perceber a pequenês da nossa vida.
Sem culpa e sem culpar ninguém.
Sinta a tristeza, reconheça, respire a tristeza e a deixe passar.

Mãos em prece
Monja Coen

Publicado em http://zenjoinville.blogspot.com/2010/08/tristeza.html

quinta-feira, 24 de março de 2011

Show do Ziggy Marley



Pra quem gosta de Reggae, foi um tremendo show.
Ziggy inteligentemente apresentou um repertório no qual metade das músicas eram dele mesmo e a outra metade eram do papai, o legendário Bob Marley.
Como todo show de Reggae, não foram registradas brigas, a galera tava toda na paz e houve um consumo altíssimo de marijuana.



Porém, uma curiosidade muito interessante: No show estavam presentes pelo menos cinco integrantes da Comunidade Zen Budista de Florianópolis. Alguns foram embora mais cedo, mas mesmo assim todos se divertiram muito, brincaram muito, dançaram e cantaram, enfim, fizeram a festa, mas sem consumir uma gota sequer de álcool, e muito menos a tal da erva.

Um dos preceitos budistas é "não abusar de álcool nem outras substâncias tóxicas e nem levar os outros a fazê-lo". Mas preceitos são apenas, isso, preceitos. São apenas diretivas gerais de comportamento que podem ou não ser seguidas e que dependem da ocasião. Por exemplo, não há mal algum em tomar uma anestesia - substância tóxica - para fazer uma cirurgia. Ninguém estava proibido de consumir álcool nem qualquer outra coisa, mas ninguém o fez.

Verdadeiros ETs no meio da multidão de quatro mil pessoas.

Posso garantir que mesmo assim nos divertimos muito, mas muito mesmo, e quem ficou até o fim teve a opinião unânime de que foi um showzaço!

terça-feira, 22 de março de 2011

ZIGGY MARLEY no Daissen Restaurante Vegetariano

ZIGGY MARLEY, adepto do vegetarianismo, ganhador de 5 Grammys e um dos maiores nomes da música reggae internacional, esteve pessoalmente no Restaurante Vegetariano Daissen.

O restaurante subsidia a Comunidade Zen Budista de Florianópolis e foi escolhido para fornecer as refeições para a equipe e suprir as vans e o camarote do artista.
Ziggy foi muito simpático durante todo o tempo. Pediu informações sobre o budismo e um dos monges da comunidade explicou os princípios básicos a ele. Na foto, atrás do artista, pode-se ver algumas ilustrações de retiros zen budistas que decoram as paredes do restaurante.









Nas fotos, Álvaro Chalegre, Chef do Daissen Restaurante, recebe Ziggy Marley em seu estabelecimento. O artista mostra o presente que recebeu por nossas mãos da SVB - Sociedade Vegetariana Brasileira -, uma camiseta da campanha Segunda-feira sem Carne.

Na segunda foto o autógrafo de Ziggy com elogios ao Chef: The Best Food in the World! Ziggy é conhecido por ser extremamente criterioso e exigente, portanto este elogio tem um peso realmente muito grande.

Abaixo outras fotos do artista com outros integrantes da equipe do Restaurante Daissen.







Ziggy Marley é ativista vegetariano da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), sociedade internacional para defesa dos direitos dos animais. A maioria dos membros de sua equipe também é vegetariana.





Uma curiosidade interessante foi o guarda-costas do artista, o "Snoopy". Com um manequim XXXG, seu porte enorme lembra um armário - de seis portas -, mas descobrimos que esse tórax enorme guarda um coração das mesmas proporções. Sempre simpático e sorridente, ele divertiu-se muito conversando com os filhos do Zaldir, produtor do show e com o Daniel, filho do monge Genshô.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Paciência e Tolerância

O mundo moderno nos traz diariamente inúmeras oportunidades para treinar a paciência e a tolerância.
Tenho conexão internet pela Oi na Guarda do Embaú. Cai o tempo todo e às vezes fica o dia inteiro fora. O suporte técnico fala que o problema é com o fio do telefone, que também é da Oi... mas não é a mesma Oi, é outra Oi, então o problema não é com eles....
Além do problema de conexão com a internet, na Guarda do Embaú falta luz pelo menos umas duas vezes por semana, e quando falta, é por horas inteiras a fio. Também ficamos sem telefone de vez em quando.
Em vista de todos esses problemas, e por mais alguns outros, comprei uma conexão 3G com a TIM e aluguei um apartamento na Palhoça para poder trabalhar. Bom... pelo menos aqui não falta luz com tanta frequência. A antena da TIM fica a uns 200 metros daqui de casa, portanto o sinal é excelente. Conecta 3G e seguidamente chega no limite dos 200kbps. Pra um quebra galho, estaria ótimo. Não costumo baixar filmes mesmo.... só que a conexão cai o tempo todo, assim, cerca de 30 vezes por dia.
O modem 3G branco Huawei queimou. Eles não quiseram trocar pois já tinha saído da garantia... aí me venderam um modem preto da Onda. Mas o problema continuou. Aliás, piorou. Passo o dia inteiro tentando reconectar. Perco um tempo enorme que poderia estar utilizando para trabalhar.
Não existe exercício melhor para treinar a paciência do que uma conexão 3G da TIM na Palhoça.
Aliás, sinceramente, não conheço um único serviço prestado aqui na Palhoça que realmente seja de boa qualidade, em nenhuma área.
Isso também é um excelente exercício de tolerância, pois somos obrigados a tolerar essa péssima qualidade na prestação de serviços, sejam os da prefeitura, de limpeza pública, iluminação, telefonia, coleta de lixo, internet, tv a cabo, ou mesmo o atendimento em bancos, lojas, mercados, transporte coletivo, oficinas, clínicas médicas, restaurantes, lavação de carros, imobiliárias, comércio em geral, enfim, e é claro que não poderia faltar o famigerado pedágio.
Gostaria de entender o porquê dessa extrema má qualidade nos serviços. Será porque a população está acostumada (e eu diria até "conformada") com essa situação? Será que é porque a maioria das pessoas daqui nunca foi mais longe do que Biguaçu ou Paulo Lopes e não conhece a realidade em cidades mais organizadas?
É claro que precisamos compreender que as pessoas têm seus problemas e suas dificuldades, e que isso interfere diretamente na qualidade do serviço prestado... mas conexão 3G não é servida por pessoas, e sim por máquinas... e acho muito difícil uma antena emissora de rede UMTS ter dor de cabeça ou cólica.
Aí fica uma pergunta... até que ponto devemos realmente ter paciência e tolerância? E a partir de que ponto devemos exigir a qualidade nos serviços de acordo com o que estamos pagando?

(Como curiosidade: enquanto estava escrevendo esse artigo minha conexão caiu nada menos do que nove vezes)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

As Seis Perfeições

"Subuti, o que move a tua compaixão e a tua caridade é a mente dual, o ego inflamado, a vaidade, o desejo de reconhecimento pelos outros? Ou é tua mente liberta de tais apegos e teu amor genuíno e desinteressado pelos seres senscientes?

Subuti, o que move a tua moralidade e comportamento ético é, novamente, a mente dual e caprichos interiores? Ou é o desprendimento de uma mente inclinada à liberação de todos os seres em samsara?

Subuti, o que impele a tua paciência é a tua mente discriminativa que 'tolera' contrariedades para alcançar vantagens, bens e ganhos? Ou é a tua mente livre de impaciência e outras futilidades?

Subuti, a tua energia flui em teu corpo como um escravo é tocado pelo chicote, resultado de teus pensamentos sedutores e iludidos? Ou tua energia é ilimitada e passa através de ti sem deixar marcas ou manchas cármicas?

Subuti, o que propulsiona a tua busca pela estabilidade meditativa é a necessidade de refúgio por teu desespero interior? Ou tua prática de meditação transcende tua vida atual e vidas prévias, alcançando todos os seres em samsara?

Subuti, a tua sabedoria é uma coleção de pensamentos e palavras, ambos tomados por empréstimo a outros sábios? Ou tomaste refúgio secreto na sabedoria transcendental que está além dos pensamentos, palavras e gestos, escoando livremente de teu coração amoroso por todos os seres?

Subuti, responda a essas questões para ti mesmo e verás em qual direção seguem os teus passos e onde deixas pegadas para servir de exemplo aos seres deste mundo de samsara - Disse o Buda, finalizando com uma última questão:

- Estás avançando, Subuti?"

Enio Burgos
O buda nos Jardins de Jetavana, p. 98