quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Zazenkai Zen Planalto - 23/10/2010

Muita atenção: meditação


Com as preocupações do dia silenciadas, as respostas ao estresse diminuem e a imunidade aumenta

ESVAZIE SUA MENTE

À primeira vista, a orientação mais básica para a meditação soa impraticável para um cérebro que passa o dia inteiro fazendo seu burburinho interno fluir naturalmente de um pensamento para o outro, direcionado aqui e ali por estímulos externos incessantes. Como esvaziar a mente pode ser possível, ou mesmo bom? Ao contrário do relaxamento, a meditação é um estado de intensa atenção, focada em um único processo: uma imagem, um mantra, sua própria respiração, ou sentimentos de compaixão.

É essa 'atenção focada' que permite que todas as distrações, externas e internas, sejam silenciadas e deixem de afetar o fluxo natural dos pensamentos. Nesse estado, o cérebro suprime ativamente ações motoras e mentais -o que requer um baita esforço dos principiantes.

Emoções perdem a vez (exceto se a compaixão for o seu foco) e, eventualmente, até os limites do corpo parecem se dissolver: no estado meditativo, somente um pensamento existe.

Com a prática, o enorme esforço cerebral para manter a atenção hiperfocada vai deixando de ser necessário.
Para os experts, como monges tibetanos com dezenas de milhares de horas de prática, esse estado de atenção focada vem naturalmente. Nesse estado, com as preocupações do dia silenciadas, as respostas ao estresse diminuem, a imunidade aumenta: a calmaria na mente se estende ao corpo.

Para quem anda atribulado e assoberbado, a meditação pode ser aquela pausa bem-vinda para "zerar" o cérebro e conseguir, ainda que por instantes, suprimir os pensamentos angustiantes.

O curioso, e ainda melhor, é que, com a prática, o controle e a paz alcançados na meditação transbordam para outros momentos da vida.

Com a prática, mesmo fora do estado meditativo a capacidade de atenção focada aumenta nitidamente; melhora a capacidade de suprimir pensamentos negativos e emoções associadas; e o corpo ganha mais paz, por meio da maior ativação do sistema parassimpático, o que torna a resposta ao estresse mais controlada e saudável.
E não, você não precisa se tornar um monge tibetano para gozar dos benefícios da meditação. Um estudo mostrou que os efeitos sobre corpo e mente já são notados com -pasme- cinco dias de prática. Quem diria: o caminho para o relaxamento passa pela atenção extrema.


SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, é professora da UFRJ e autora de "Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor" (ed. Sextante) e do blog www.suzanaherculanohouzel.com

Folha de SP, 19/10/2010

Cortesia de Jussara Peccini

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

As Quatro Dhyanas Básicas (Rupasamadhi)

Dhyana, consequentemente, implica em algum grau de desapego pessoal. A tradição budista afirma que há quatro tipos de Dhyana.

Primeira Dhyana: Este é um estado de concentração no qual o distanciamento provoca sentimentos de alegria e enlevo. A mente do estudante permanece ativa - embora não mais tão dispersa - e o pensamento discursivo predomina. Isto é o que podemos chamar de concentração reflexiva.

Segunda Dhyana: Quando o pensamento discursivo se exaure, a mente se pacifica. Sua concentração fica, digamos, mais aguda, unifocada. O estudante alcança um estado de paz interior e permanece imerso na alegria e exaltação.

Terceira Dhyana: Neste ponto, todos os sentimentos de exaltação desaparecem. A mente está totalmente consciente e um sentimento de paz interior permanece, vindo do distanciamento ou alheamento (Upeksa em sânscrito, Upekkha em Pali). Upekkha não conhece alegria ou dor. É o estado da mente que encontrou um tal equilíbrio qu é capaz de parar de fazer discriminações. É por esta razão que a esta palavra "Upekkha" é também traduzida como "equanimidade".

Quarta Dhyana: Ou "cittaitakagrata" em Pali: significa que a mente alcança um estado de total, completa consciência, e concomitantemente se torna vazia de todas as emoções. Purificada pela equanimidade (Upekkha) e pela pura e plena atenção (sati), ela finalmente está pronta para atingir uma sabedoria mais elevada e começar a prática das Quatro Dhyanas da Não-Forma, ou as Quatro Dhyanas sem Forma.

Moriyama Roshi
Primeiros Passos no Zen
Ed. Bodigaya, p.47

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ensinamento sobre o Não-Eu

Sabemos que a essência do ensinamento de Buda é o não-eu. Isto é algo que as pessoas acham muito difícil de aceitar, porque todo o mundo acredita que existe um Eu, e que você é você mesmo, não outra pessoa. Mas com a prática de observação profunda, vemos as coisas de modo diferente. Você se vê como pessoa, um ser humano; você diz que não é uma árvore, não é um esquilo, e não é uma rã. Você não é outra pessoa. Isso acontece porque não observamos profundamente a nossa verdadeira natureza. Se nós fazemos, veremos que somos ao mesmo tempo uma árvore. Isso não quer dizer apenas que em nossas vidas passadas fomos uma árvore ou uma pedra ou uma nuvem, mas que até mesmo nesta vida, neste mesmo momento, vocês continuam sendo uma árvore, vocês continuam sendo uma pedra, vocês continuam sendo uma nuvem.

Thich Nhat Hahn
Veja a íntegra aqui


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Iniciando uma nova etapa

"Hoje começo uma nova etapa da minha vida".
Esta frase já foi dita milhões de vezes por milhões de pessoas. Porém, precisamos ter consciência de que TODOS OS DIAS começamos uma nova etapa da vida. A vida recomeça a cada instante.
Cada dia, novas oportunidades aparecem. Outras se perdem. As coisas mudam o tempo todo.
Estar atento a essas mudanças e direcionar a vida para essas tendências é algo como surfar uma onda gigante, decidindo a cada momento o melhor caminho a trilhar.
Muitas vezes deixamos para amanhã a realização de vários sonhos. Isso gera angústia e insatisfação. Realizar os sonhos agora mesmo é viver. Aceitar o fato que não é possível realizar alguns sonhos é sabedoria.
Por isso, estou abrindo agora este blog, que terá temática budista. Registrarei textos e histórias dos patriarcas zen-budistas, alguns insights (quando ocorrerem) e também alguns eventos.
Enfim, registrarei aqui tudo o que achar pertinente e que vier à minha mente quando estiver sobre um zafu.