quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Vida Simples

"...Precisamos mostrar que viver com simplicidade, com a prática do dharma, pode ser algo que nos realiza muito. As pessoas precisam ver e vivenciar isso primeiro para se convencerem. Em Plum Village, rimos o tempo todo e, ainda assim, nenhum de nós tem uma conta no banco.
Ninguém tem um carro particular ou seu próprio celular. Só consumimos alimentos
vegetarianos. E não sofremos por não comermos ovos ou carne. Na realidade, isso nos deixa mais felizes, pois sabemos que não estamos consumindo seres vivos e protegemos nosso planeta. Isso traz muita alegria. Temos a sorte de conseguirmos viver assim e de nos alimentarmos dessa forma..."

Thich Nhat Hahn
http://opicodamontanha.blogspot.com/2012/01/entrevista-com-thich-nhat-hanh.html

O Samadhi sem esforço

Após alguns anos de prática de meditação, é possível entrar em Samadhi em poucos segundos, em qualquer lugar, quando se desejar.
O praticante torna-se senhor do Samadhi. Tem domínio sobre ele.
No começo, é necessário grande esforço e fazer uso de muletas como mantras, visualizações, exercícios respiratórios, mentalizações, etc. Após vários minutos repetindo incessantemente um mesmo mantra, por exemplo, a mente se cansa e o Samadhi pode aparecer.
Quando há o domínio sobre o Samadhi, ele pode ser instalado a qualquer instante sem esforço. Basta uma única respiração profunda e prestar atenção no aqui-agora, deixando os pensamentos irem e virem, sem qualquer apego. Os pensamentos são como anzóis lançados contra a mente, mas se ela não lhes dá atenção, os anzóis não conseguem fisgar nada e a torrente de pensamentos se quebra. Repentinamente a mente cansa, se torna tranquila e límpida sem nenhum esforço e o Samadhi acontece.
Com a prática, o Samadhi vai ficando mais profundo, mais claro, mais pleno. Você começa a perceber que está no comando, que sua mente não está mais o carregando de um lado para outro como uma folha solta no rio. Você está no centro, e usa a mente para fazer o que quiser. As situações são mais claras, os sentimentos são mais verdadeiros, as decisões são mais fáceis, as ações geram maiores resultados.
Mesmo que você estivesse em uma prisão sua mente continuaria livre. Mesmo que estivesse mergulhado no pior dos infernos, ainda assim veria a beleza ao seu redor e estaria feliz. Mesmo afundado na mais negra e profunda escuridão, sua luz continuaria a brilhar intensamente.
E sem esforço.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ALTAR DE BUDDHA




















Não é necessário ter um altar de Buddha em casa. Nem uma estátua de Buddha. Ninguém precisa ter. Mas para os que quiserem, basta ter em mente que não precisa muita coisa para se montar um belo altar.

Escolha um local adequado, sem movimento, preferencialmente onde você pratica meditação. No meu caso, montei o altar sobre um pequeno criado-mudo no canto do quarto.

O mais importante é que o altar tem o objetivo de reverenciar o Buddha. Para isso fazemos a oferenda de flores, água e/ou óleo, incenso e velas.

Esses elementos ficam dispostos como na foto: flores do lado esquerdo, vela do lado direito, incenso à frente da imagem de Buddha e um recipiente com água ou óleo no meio, entre a imagem de Buddha e o incenso.

A imagem de Buddha pode ser uma estátua, grande ou pequena, de madeira ou qualquer outro material, ou uma foto ou qualquer coisa que tenha para você o significado de sua natureza búdica. Uma amiga minha usa uma minúscula estátua de um santo católico, pois ela associou esse santo a Buddha quando ainda era criança. Um outro amigo meu tem uma pedra de rio meio redonda e até parecida com aquela famosa estátua do Buda gordo. Como a natureza búdica está em todo lugar, qualquer coisa pode representar o Buddha.

A estátua ou imagem geralmente fica mais elevada que os demais elementos. No meu caso eu sentei ela em cima da caixa de fósforos que uso para acender os incensos.

As flores podem ser vivas, em um vaso (como o meu) ou colhidas e trocadas sempre que murcharem. As flores servem para nos lembrar da impermanência das coisas. Tudo que é vivo e belo, um dia envelhecerá, enrugará e morrerá. Assim é a natureza.

Este altar que montei não deve ter custado mais do que R$ 10,00, com estátua e tudo. Mas cada um é livre para fazer como quiser e gastar o quanto quiser.

Existem altares prontos à venda. São móveis muito bem trabalhados, lindíssimos, com portas de vidro e todos os elementos dispostos em prateleiras. Preciosas peças de decoração, como pode ser visto na figura abaixo:



Dizem que um altar tem também a função de proteger a residência e as pessoas que nela moram, mas isso é pura superstição.

Enfim, cada um pode fazer seu altar da forma como preferir. O que importa é a intenção. Além disso, precisamos nos lembrar sempre que Buddha não pode ser encontrado FORA de nós, em nenhum móvel ou estátua, mas sim DENTRO de nós, e essas oferendas nada mais são do que um sinal de respeito pela natureza búdica à qual todos nós pertencemos.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Evolução do Samadhi

Não sei se é com todo mundo, mas para mim, com o passar do tempo e da prática constante de meditação sentada, ficou cada vez mais fácil e rápido entrar em Samadhi, e a qualidade do Samadhi também está melhor.
Uma das melhores horas do dia para praticar meditação é no caminho para o trabalho e de volta para casa. Longos períodos de plena atenção na rua.
E sobre um zafu, o Samadhi vem rápida e facilmente. Permaneço em uma sucessão longa de curtos períodos naquele estado de aqui-agora onde não há esforço, nem pensamentos ou julgamentos, e nada se deseja.
Apenas o maravilhoso momento presente na mais profunda paz, com a mente totalmente receptiva. Nada a discriminar ou rotular, basta aceitar tudo exatamente do jeito como é.
Começo aos poucos a entender os votos dos Bodhisattvas. Eu gostaria de poder libertar todas as pessoas de suas prisões mentais. O sofrimento é uma ilusão enorme gerada pelo apego da mente a conceitos e hábitos totalmente equivocados e irreais. É tão fácil simplesmente viver e deixar viver, desfrutando da perfeição deste momento, aqui e agora... Ao invés disso, preferimos permanecer como zumbis na frente da TV ou torturarmos nossa mente em um labirinto de problemas sem saída.
Os problemas são intermináveis e se interligam em um emaranhado tão intrínseco que não conseguimos perceber que, na verdade, eles não existem. O que existem são fatos que, como tais, são impermanentes. Nada é eterno. Porém, nossa mente se apega a eles e cria uma armadilha da qual não consegue escapar e, por isso, sofremos.
Os fatos existem e precisamos aceitá-los, resolvê-los ou abandoná-los. Cabe a cada um a opção de sofrer por causa deles ou não.
Cada um vive do jeito que quer. Eu prefiro a liberdade, mas gostaria que todos também fossem livres e que pudessem vislumbrar pelo menos um pouquinho da realidade como ela é. Nem que fosse por um único momento.
"Conhecei a Verdade e ela vos libertará".

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

2012

Feliz ano novo.

Qualquer leigo pode achar a coisa mais chata do mundo alguém tentar lembrar que a idéia de tempo foi criada pelo homem, que não existe passado nem futuro, que só o que temos é o presente, portanto não faz qualquer sentido falarmos sobre 'ano novo'. Sequer 'ontem' ou 'amanhã'.

Mas esse é um blog sobre budismo e preciso tocar nesse assunto.

Nesses dias de festividades tomei a liberdade de ir ao costão da Guarda do Embaú para meditar um pouco. Em um local o mais reservado da vista dos turistas possível. Lá, olhando para as ondas estourando nas pedras, aprofundei bastante a meditação e tive alguns insights interessantes.

As ondas estouravam nas pedras, e atrás das pedras havia algumas piscinas naturais.

Algumas ondas são fraquinhas, às vezes devoradas pelas ondas maiores que vêm atrás e nem sequer chegam à praia.

Outras são mais fortes, conseguem chegar à praia, estouram nas pedras e conseguem derramar alguma água sobre as piscinas naturais, ou seja, mesmo após 'morrer', deixam uma continuidade.

Poucas ondas são realmente muito fortes, do tipo que utiliza a energia das ondas menores, arma-se com grande poder e arrebentam-se às pedras jorrando respingos a elevadas alturas. Como um mini-tsunami, invadem as piscinas naturais com violência e após 'morrer' nas pedras continuam com força, levando água e espuma até locais normalmente intocados e secos.

Agora fazemos um paralelo, comparando essas ondas com a nossa vida atual. Que tipo de 'onda' você é? Que tipo de contribuição você está deixando para o mundo? Quantas pessoas você está afetando, e de que forma?

Você vive uma vida medíocre, sem deixar marcas, sem alcançar seus objetivos, sem preocupação com sua continuidade, sem ajudar outras pessoas, sem integrar-se à comunidade ou ao seu meio-ambiente, ou mesmo às coisas à sua volta? É apenas um número, uma sombra a mais na humanidade sem qualquer importância?

Ou você é uma pessoa normal, que consegue alcançar alguns objetivos, influi de certa forma sobre outras pessoas e está deixando uma continuidade para as gerações futuras?

Ou então você é uma pessoa excepcional, um Boddhisattwa, um grande líder que influencia poderosamente sobre as outras pessoas, que com pouco esforço causa enormes resultados, e que está deixando um legado para o futuro como um verdadeiro tsunami?

Se você é uma onda do primeiro tipo, medíocre, e se tem interesse em tornar-se uma onda poderosa e deixar uma grande contribuição para a humanidade, então você precisa verificar o que é que está tirando sua energia, o que está bloqueando suas ações, o que está minando seus esforços.

Resolva esses bloqueios, libere sua energia e as pessoas ao seu redor perceberão o seu avanço, as melhorias que acontecem na sua vida, o brilho nos seus olhos.

Faça essa reflexão sobre sua vida. Como você pode se livrar das coisas que consomem sua energia, seus recursos, e como você pode se tornar a mudança que você quer no mundo? Como você pode simplificar sua vida, alocar melhor seus recursos e dedicar a realizar seus maiores objetivos?

Se 2012 for realmente o último ano antes de um grande holocausto, você tem bem pouco tempo para tornar-se uma onda poderosa e realizar seus mais profundos sonhos. E se não for o fim do mundo, lembre-se que o tempo não existe, que você só tem o momento presente, então a situação é bem pior: Você precisa realizar-se HOJE.

Dedique-se a viver o seu sonho e torná-lo realidade, aqui e agora.

Sucesso, felicidades, paz e harmonia.