sábado, 16 de fevereiro de 2013

Samadhi

Há alguns dias perguntei para uma praticante amiga minha sobre suas experiências com meditação, ou seja, como estava seu Samadhi. Ela me contou que nunca teve um Samadhi.

No momento preferi silenciar. Mas eu deveria ter dito: "com certeza absoluta, já teve sim".

O Samadhi é o estado natural da mente. É como víamos o mundo até perto dos quatro ou cinco anos de idade. Apenas sentíamos, percebíamos as coisas, sem rótulos, sem julgamentos. Mente receptiva. Apenas estar aqui e agora, com toda a plenitude e consciência. Nada mágico, apenas natural, estávamos simplesmente aprendendo.

Só depois dos quatro ou cinco anos é que passamos a pensar em palavras e construir personalidades para cada desejo, para cada apego, ou seja, passamos a criar nossos egos, camada após camada. Quando nos tornamos "adultos", estamos totalmente obscurecido debaixo de centenas ou milhares de camadas de egos, como cascas de uma cebola. Quanto mais apego a elas, mais sofremos.

Quando iniciamos a prática da meditação, pode demorar alguns meses ou até alguns anos, mas logo sentiremos aquela sensação de paz e tranquilidade profundas que antecedem o Samadhi e, repentinamente, temos a experiência do Samadhi. Nesse momento lembramos imediatamente de nossa infância, de como pensávamos quando éramos crianças. Percebemos então que já tivemos esta experiência antes.

Após alguns anos de prática, nos tornamos "proprietários" do Samadhi. Podemos entrar neste estado natural da mente quando bem entendermos, conscientemente, a qualquer momento: trabalhando, dirigindo, comendo, lavando a louça, conversando com as pessoas... tanto faz se você está no meio de um trânsito infernal ou às margens de uma cachoeira no meio do mato, o Samadhi é o mesmo. O centro está dentro de você, e não fora.

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