quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Meditação Expressa: Pequenos Momentos Iluminados no dia-a-dia

Independente de qualquer religião ou filosofia, a meditação traz inúmeros benefícios para quem a pratica, estendendo-se para todas as pessoas próximas como ondas em um lago.
Ao praticar meditação por 40 minutos, todos os dias, em algumas semanas ou meses já começamos a perceber em nós mesmos algumas mudanças. As pessoas ao nosso redor também percebem e passam a comentar: "Você está mais calmo", "Você está mais feliz", "Há um brilho em seus olhos" e coisas assim.
Com a prática constante, em poucas sessões (talvez já nas primeiras) conseguimos experimentar a "mente silenciosa": por alguns instantes, a torrente de pensamentos em nosso cérebro cessa e então surge um silêncio, um momento de profunda paz.
Um pouco mais adiante, experimentamos o Samadhi, que é um momento (cerca de 5 segundos) no qual estamos plenamente presentes no aqui-agora e conscientes. Não há passado nem futuro, apenas o momento presente. Aproveitando o ensejo, certa vez imaginei como seria um RELÓGIO DE BUDA: um único ponteiro com uma única marcação: o momento presente. Pense nisso!
Com alguns meses de prática, podemos ter alguns insights, que são momentos rápidos nos quais vislumbramos a realidade, percebemos a verdadeira natureza de alguma coisa (uma flor, uma árvore, uma nuvem, um inseto, qualquer coisa) ou simplesmente descobrimos a solução para um problema. É algo como fazer 'cair a ficha'. Em um insight, geralmente pensamos: "Ah, então é isso!". Nos primeiros insights, é comum ficarmos muito sensíveis e até desatarmos em um choro profundo e incontrolável. Depois esses momentos tornam-se mais "normais", pois passamos a nos acostumar com eles.
Talvez após alguns anos de prática, o praticante tem um Kenshô, que é a visualização direta da iluminação, um estado plenamente iluminado, que dura de 20 a 30 segundos, e de indescritível bem-estar, no qual desaparece a dissociação eu-outro, ou sujeito-objeto. Tornamo-nos plenamente conscientes da unidade e interdependência de todas as coisas, a mente está sob total e absoluto controle e sentimos pela primeira vez o que é realmente a "felicidade". Entendemos o significado da palavra "interser": Passamos a SER com todos os demais seres.Todas as coisas são perfeitas como são, é um momento no qual estamos plenamente acordados e conscientes, vivendo em nossa verdadeira natureza, é a experiência do vazio, ou seja, a ausência absoluta de qualquer ego. Ao termos um Kenshô, simplesmente sabemos que a iluminação é realmente possível, pois acabamos de experimentá-la.
Após muitos e muitos anos de prática e depois de sucessivos kenshôs, então o praticante pode repentinamente despertar sua verdadeira natureza. É o Satori, a total iluminação. A partir deste momento, o praticante está totalmente livre, plenamente consciente, na mais absoluta felicidade. É o Nirvana.
Voltando ao ponto de partida, para quem está iniciando na prática, ou mesmo para quem já tem uma certa experiência, é fundamental trazermos o Samadhi para nosso dia-a-dia. Particularmente, eu programei meu celular para tocar um sinal a cada hora. Escolhi o som de um relógio-cuco. Quando o celular toca o 'cuco', qualquer pessoa pode achar até engraçado, é um som tradicional informando a batida de um relógio, uma simples mudança de hora, mas para mim este som tem um outro significado: É hora de parar um pouco, corrigir a postura, alinhar a coluna, respirar profundamente e instalar rapidamente um pequeno Samadhi. Todo o processo não demora mais de 30 segundos e é fundamental para tomar consciência de onde estou, do que estou fazendo e das pessoas que estão à minha volta. Meu serviço rende muito mais, fica mais organizado e trabalho melhor com as prioridades. Ao final do dia não estou tão desgastado, tive vários momentos 'iluminados' e conscientes durante o dia e aproveitei melhor as oportunidades. E até pelo fato de ter corrigido minha postura várias vezes durante o dia, não sinto mais tantas dores nas costas.
À noite, a meditação é mais fácil, mais profunda, mais intensa. Pego no sono mais rapidamente e meu sono é mais profundo, mais relaxante, mais restaurador. Tenho dormido menos: cerca de 5 horas são suficientes.
Tudo isso deve-se à prática de pequenos momentos de meditação durante o dia. Eu chamaria de 'meditação expressa', ao melhor estilo ocidental. Não custa nada, funciona, é prazerosa e altamente benéfica.
Experimente você também!


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