Uma armadilha muito grande para quem está praticando um caminho espiritual é o fato de querermos ajudar as pessoas.
Quando ajudamos alguém, sentimo-nos bem. ESSE PODE SER UM PERIGO. Como na música de Raul Seixas, 'o meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar'.
O fato de nos sentirmos VIRTUOSOS, ao ajudar quem quer que seja, levanta um camuflado sentimento de orgulho. Somos bons. Somos melhores do que os outros. Há um sentimento de superioridade. Precisamos ter muita atenção a esses sentimentos, pois eles se escondem, se camuflam, e são um veneno para a prática.
A correta virtude deveria ser como atirar uma pedra em um lago, e esta pedra não produzir nenhuma onda. Enquanto nos orgulhamos de ter ajudado alguém, há uma separação entre eu-alguém, e isso é dualidade, é ilusão.
Usando um exemplo de Thich Nhat Hahn, quando lavamos a mão esquerda com a direita, a mão direita sente orgulho? Envaidece-se? Não, é um ato absolutamente normal, natural.
Ajudar também deve ser um ato tão normal, tão natural que não deve promover nenhum 'vento' em nossa mente. Nem um vestígio de pensamento. Devemos ajudar porque essa é a nossa mais profunda natureza. Não estamos ajudando a 'um outro', não há 'um outro' a ajudar. Até a palavra 'ajudar' remete a uma dualidade. Devemos ajudar sem sequer pensar que estamos ajudando, sem sequer termos consciência disso. É nossa natureza.
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